Responsável por procedimento estético que causou necrose em modelo vira ré em processo criminal
05/12/2025
(Foto: Reprodução) Modelo relata lesões após procedimentos estéticos em clínica de SC
A mulher que fez um procedimento estético com caneta pressurizada e causou lesões graves em uma modelo em Santa Catarina virou ré em processo criminal, segundo o Poder Judiciário.
Vanderléia de Fátima Andrade Santos foi denunciada pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) por estelionato, lesão corporal gravíssima, exercício ilegal da medicina, desobediência, perigo à vida ou saúde e infração ao Código de Defesa do Consumidor.
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Modelo relata perda de trabalhos
O g1 tenta contato com a defesa da acusada. A Justiça aceitou a denúncia no fim de novembro, de acordo com a defesa da modelo Karim Kamada. O procedimento foi realizado em Jaraguá do Sul, no Norte do estado.
A 9ª Promotoria de Justiça também requereu na ação penal a indenização mínima de R$ 50 mil para reparação dos danos morais e estéticos sofridos pela vítima.
A denúncia foi apresentada em 17 de novembro e aceita pela Justiça no dia 28.
Responsável por procedimento estético é indiciada por lesão corporal gravíssima
Modelo denuncia necrose após procedimento estético em SC
Modelo Karim Kamada relata lesões sofridas após procedimento estético
Reprodução/Redes sociais
Recuperação da modelo
A modelo de 51 anos fez o procedimento com a caneta pressurizada em maio. Na quarta-feira (3), ela contou que as lesões estão melhorando.
“Continuo em tratamento porque é uma região de compressão, os glúteos, e formou-se uma cicatriz com risco de evoluir para queloide”, disse Karim.
Segundo a modelo, um cirurgião plástico avaliou as cicatrizes e explicou que o processo de recuperação pode levar de um ano e meio a dois anos.
“Agora estou usando pomadas para ter o melhor resultado possível e acompanhando meu corpo para decidir os próximos passos”, afirmou.
Sobre a carreira, Karim disse que voltou a fazer alguns testes, mas apenas para trabalhos curtos. “Ainda não sei como será a aceitação dos clientes. Por enquanto, só faço testes em que meu corpo não aparece”, declarou.
Modelo mostra processo de cicatrização após procedimento com caneta pressurizada
Karim Kamada/Arquivo pessoal
O que aconteceu
As sessões com caneta pressurizada foram feitas em maio e junho nos glúteos e nas coxas. Após os procedimentos, a modelo precisou ser operada duas vezes e foi medicada com antidepressivo.
Depois da denúncia de Karim, a Vigilância Sanitária de Jaraguá do Sul esteve na clínica de Vanderléia e interditou o local, em julho. Em setembro, no entanto, o órgão foi ao local novamente e lavrou um auto de infração, já que flagrou que as atividades continuavam, apesar da interdição.
Ao g1, Karim Kamada contou que buscou o procedimento justamente para retomar sua carreira como modelo. No entanto, devido às complicações, acabou perdendo oportunidades de trabalho.
O procedimento foi feito em uma clínica de Jaraguá do Sul por Vanderléia. Segundo a modelo, o procedimento foi vendido para ela como seguro e sem riscos.
Além da necrose, Karim relata que teve dores intensas, vermelhidão, febre local, inflamação severa, nódulos e celulite infecciosa.
🔎A presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia em Santa Catarina, Mariana Sens, explica que a chamada caneta pressurizada é um dispositivo que empurra substâncias pela pele usando pressão, sem agulha. "Ela não permite controle preciso de dose, profundidade ou local de depósito, requisitos essenciais em procedimentos injetáveis".
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